A saúde das pessoas do planeta inteiro só faz sentido com o uso de alimentos de qualidade como a carne bovina. Atividade física permanente para preservar o organismo. E atenção máxima com o meio ambiente, para mantermos o planeta íntegro mesmo com a produção crescente de comida para dez bilhões de pessoas em 2050. A receita de bons negócios e preocupação ambiental foi indicada por quase mil profissionais de empresas de suplementos minerais que participaram dos dois dias de atividades do 13º Simpósio Nacional das Indústrias de Suplementos Minerais, promovido pela Associação Brasileira das Indústrias de Suplementos Minerais (Asbram), em Campinas, no fim de novembro.
O economista José Roberto Mendonça de Barros explicou que em 2024 o mundo vai crescer menos do que em 2023 por causa da luta contra a inflação e a evolução mais humilde da China. Porém, o Brasil está bem posicionado no mundo das commodities e o processo de descarbonização no Campo pode acelerar essa tendência. “Temos uma balança comercial forte, as exportações agropecuárias vão continuar intensas e o ciclo pecuário vai reverter a partir do ano que vem. Vai ser um excelente momento de combinar bons resultados na produção de carnes e leite, intensificando o negócio, usando tecnologias modernas de nutrição animal e preservando ainda mais as áreas rurais”, examinou.
O cenário é semelhante ao descrito pelo engenheiro agrônomo e coordenador do Centro Insper Agro Global, Marcos Sawaya Jank, depois de 35 anos de atividades no agronegócio mundial. “O Brasil virou um grande player por ter recursos naturais, ofertado tecnologias diversas e ter gente motivada e jovem para trabalhar. Nossa exportação de commodities cresce 11% ao ano, quase o dobro dos americanos, e vamos ultrapassá-los rapidamente. Foram 160 bilhões de dólares em 2022. As importações também aumentam, com insumos, máquinas e equipamentos. Algo em torno de US$ 40 bilhões. Aqui dentro, o Agro comparece com 22% dos empregos totais, interioriza a população, dividindo riqueza pelas regiões. E o potencial é espetacular na venda de carnes. Principalmente para os clientes asiáticos. Lá, tem a China, a Índia e outros dez países com 650 milhões de habitantes e Produto Interno Bruto de US$ 2,8 trilhões. E, neste caso, a ASBRAM é parceira do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) para a atividade eficiente e sustentável. Temos que acessar novos mercados, sermos competitivos e adicionarmos ainda o valor ambiental em nossas vendas”, afirmou Jank.
Mensagem reforçada pelo escritor Jorge Caldeira, que falou no Simpósio sobre o tema do evento e o título de sua própria obra: ‘Brasil Sustentável e um Paraíso Restaurável’. “Nós já fomos alijados da corrida da economia mundial por não possuirmos o tripé tradicional da produção dos últimos quinhentos anos. Petróleo, carvão e gás. Porém, há uma nova base na ordem moderna e uma mudança de fonte energética acelerada. E o Brasil é o mais privilegiado e produtivo nos novos quesitos que o planeta que utilizar. Usa energias renováveis, protege as florestas, mantém áreas de preservação e consegue ser competente na produção de alimentos, fibras e fontes de energia. Isso vai possibilitar nosso avanço econômico. E o da Pecuária também”, sacramentou o integrante da Academia Brasileira de Letras e autor de livros de sucesso como ‘Mauá, Empresário do Império’ e ‘José Bonifácio de Andrada e Silva’.
Pois é a produção de carne de qualidade, sustentável, intensiva, com uso de tecnologias modernas de suplementação, para alimentar milhões de pessoas ao redor do mundo, que ganhou um espaço privilegiado no evento da Asbram. “A carne vermelha de animal criado majoritariamente no pasto é rica em Ômega 3 e 6 e faz muito bem à saúde. E temos que saber que não vivemos sem gordura. Só precisamos saber que gordura é essa e a quantidade certa para ingerirmos”, disparou o médico Wilson Rondó, especialista em Nutrologia e Clínica Médica.
Uma sabedoria aprendida há tempos pelo triatleta brasileiro Alessandro Medeiros, radicado nos Estados Unidos, com participações no Mundial de Ultraman e um dos principais embaixadores da ‘dieta carnívora’. “Vejo as pessoas deixando de comer carne e se entupindo de remédios. Não podemos prejudicar as futuras gerações com esse mito. Penso nas minhas filhas, nos meus netos. Por isso temos que ter gente saudável, que pratica esportes, atividade física e vive cada vez mais fazendo a comunicação dos benefícios da carne brasileira”, convocou Alessandro. “Muitos atletas estão ficando doentes por ingerirem menos carne vermelha. O alimento nunca foi ligado às doenças coronárias. A cadeia produtiva de carne bovina precisa comunicar mais que a carne faz bem à saúde, levando a mensagem para os esportes”, referendou a nutricionista Letícia Moreira, atuante em dietas Low Carb, Cetogênica e Carnívora para emagrecimento e esporte de Endurance.
Unir alimento, saúde e produção com sustentabilidade foi o fecho do simpósio com o painel ‘Pecuária Sustentável’, mediado pela zootecnista e pesquisadora da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Fabiana Villa Alves, que debateu a redução de metano na nutrição bovina. “O setor vem obtendo vários ganhos. A nossa proteína sequestrando carbono, melhorando todas as práticas, renovando as pastagens, ofertando novas variedades, com nutrição cada vez mais eficiente, investimentos em carnes especiais, com carbono neutro, bem estar animal, alimento rastreado. E o mercado paga por isso, os consumidores valorizam. E nem só as pessoas mais ricas”, raciocinou Sérgio Raposo de Medeiros, pesquisador da Embrapa.
A opinião é reforçada por gente que opera dentro da porteira e no varejo. “Não podemos cansar de falar e expor o que fazemos de bom. Necessitamos ser muito mais combativos, comunicar com energia. Ainda mais em casos como o nosso, que atuamos com uma marca oriunda de carne de fêmeas, abatidas precocemente, mas com atuação fortemente regional”, ilustrou Marco Túlio Duarte Soares, diretor da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Conselheiro do Instituto Mato-Grossense da Carne (IMAC) e dono da marca Celeiro Carnes Especiais. “Não podemos ser apenas reativos. Mas nossa resposta deve ser com os inúmeros exemplos de produção sustentável que já temos e muitos outros a serem implementados. Ainda há muito desconhecimento sobre as questões ligadas ao carbono. Ao mesmo tempo, o consumidor quer saber mais. Não sabe direito o que é o assunto, mas quer. É o que indicou uma pesquisa que fizemos com quatrocentos compradores de nosso leite no ponto de venda. Eles apoiam o valor do Bem Estar Animal como nunca”, apontou o produtor de leite Luís Fernando Laranja, fundador da primeira empresa certificada do Brasil, a Ouro Verde Amazônia.
“O nosso agronegócio está efetivamente evoluindo muito. Em alimentos, jeans, sapatos, uma revolução em todos os produtos de consumo. E não é uma busca, apenas. É maior. Capturar valores na sociedade e entregar conceitos e atitudes. E, no coração do negócio pecuário, avançar em nutrição, sistemas produtivos e melhoramentos genéticos. Exatamente ao lado do debate da redução de metano na nutrição bovina”, sintetizou Fabiana Villa Alves.
O 13º Simpósio Asbram ainda examinou os dados da comercialização de suplementos minerais nos dez meses de 2023, que alcançou em outubro duzentas mil toneladas, um crescimento de 9,7% sobre o mesmo período de 2022, que ajudou a atenuar a retração de dois dígitos verificada no segmento no primeiro semestre deste ano. “O movimento de recuperação é claro, mas ainda estamos correndo atrás de um número que estava muito negativo”, resumiu Felippe Serigatti, da FGV Agro e responsável pelo painel de vendas da Asbram. “O trabalho da Asbram é levar continuamente mais pesquisa e informação sobre os minerais, valorizando tecnicamente a nutrição e a suplementação. Nossas indústrias associadas podem abastecer 100 milhões de cabeças.
O que representa 43% do rebanho nacional. E os nossos reais concorrentes são aqueles pecuaristas que não compram o mineral ou não usam de forma correta. O Brasil teria condições de produzir 8,2 milhões de toneladas de suplementos para nutrir os bovinos, um mercado avaliado em R$ 38 bilhões. Mas seguimos em nossa lida, com um exército de 15 mil profissionais no campo, times técnicos e comerciais, abrindo porteira todo dia na fazenda, executando um excelente e necessário trabalho de extensão rural, contextualizou Juliano Sabella, presidente da Asbram.
Outros momentos importantes foram a tradicional entrega do Prêmio Excelência Asbram, que neste ano homenageou o professor Antônio Ferriani Branco, zootecnista formado na Universidade Estadual Paulista (UNESP) de Jaboticabal, que contribuiu sistematicamente nos últimos quarenta anos para o aprimoramento dos sistemas de produção de carne e leite no Brasil.
A apresentação dos principais números do estudo encomendado pela Asbram ao professor da Escola de Agronomia da Universidade de São Paulo (ESALQ), Joaquim Bento de Souza Ferreira Filho, sobre os ganhos econômicos que seriam alcançados com a isenção do pagamento do PIS x COFINS na venda de suplementos minerais no país, que resultaria no aumento da produção de proteína animal e de alimentos mais baratos, beneficiando os consumidores brasileiros.
A assinatura do acordo de cooperação técnica com o Ministério da Agricultura e Pecuária do Brasil (MAPA) para auxiliar o Ministério na capacitação de técnicos de empresas em metodologias de baixo carbono, a preparação de propriedades para este novo mercado e o cálculo da pegada de carbono, além de apoio em projetos descarbonizantes e monitoramento de impactos. A cooperação foi ratificada pelo presidente da Asbram, Juliano Sabella, e o médico veterinário Bruno Meireles Leite, Coordenador Geral de Produção Animal no Departamento de Desenvolvimento das Cadeias Produtivas e Agregação de Valor da Secretaria de Inovação, Desenvolvimento Sustentável e Irrigação do MAPA.
Além do anúncio do novo presidente da Asbram, o zootecnista, executivo da Connan e atual Vice-Presidente da Associação, Fernando Penteado Cardoso Neto, que assume o cargo no início de 2024. “Nossa atividade é sustentável. E temos tudo a nosso favor. A força da iniciativa privada, a produtividade vai criar valor, o ciclo pecuário vai virar, temos o sinal verde para a saúde da nossa carne, para o boi confinado também, a eficiência vai trazer a mitigação de metano e tem tudo a ver com o contexto de suplementação. Na entidade, temos a amizade profunda entre todas as empresas, fazendo um trabalho contínuo, de amadurecimento do setor, e esse caminho vai ser consolidado cada vez mais com o comando do Fernando Penteado e a mão executiva da Beth Chagas”, concluiu Juliano Sabella.