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Baixa produtividade e custos prejudicam pecuária de leite

Falar de competitividade [na pecuária de leite] exige que se trate de custos de produção, que no Brasil ainda são muito elevados”, afirma o pesquisador da Área de Socioeconomia da Embrapa Gado de Leite, João Cesar de Resende, que será um dos palestrantes do 5º Fórum Itinerante do Leite – Caminhos da Exportação, que acontece na próxima terça-feira (21), em Frederico Westphalen.

“Precisamos, todos juntos, achar um caminho para que o setor leiteiro do Brasil conquiste maior estabilidade e dê a produtores e indústria condições de seguir na atividade”, diz Alexandre Guerra, presidente do Sindilat/RS, entidade organizadora do evento.

Segundo Resende, entre os principais entraves para o desenvolvimento estão uma produção altamente pulverizada que eleva despesas de captação, produtividade baixa, problemas de logística e alta carga tributária, que, além de corroer os lucros, eleva o preço dos insumos. A solução, alerta ele, passa por incentivo do poder público seja com melhores condições de escoamento da produção, seja por meio de subsídio para a aquisição de tanques e melhoria da nutrição animal.

Enquanto isso, Resende ressalta que há muito a ser feito pelos próprios elos da cadeia do leite, como investimento em genética para obtenção de vacas com mais potencial produtivo e em modelos mais eficientes de gestão. Só assim, acredita ele, será possível fazer frente a países como o Uruguai e a Argentina, que exportam seu leite exatamente por terem custo menor.

Apesar dos constantes alertas de que os pequenos produtores estão em risco de deixar a atividade, Resende argumenta que ”ser pequeno” não é sinônimo de baixa competitividade. Muito pelo contrário. De acordo com o especialista, propriedades familiares podem ter excelentes índices de desempenho exatamente por utilizarem mão de obra familiar e terem um custo operacional menor. “Não é o porte do produtor que define sua competitividade. Temos que buscar boa produtividade por meio de animais e de mão de obra qualificada.”

A garantia de qualidade do produto entregue é outro ponto fundamental para achar o caminho da exportação. “O mercado busca muita qualidade e isso inclui controle de índices como CCS e CBT”. Para melhorar essas questões, a sugestão é o trabalho em equipe. “Os setores não podem ser isolados. É preciso olhar a produção leiteira como um todo e pensar em um sistema de integração, talvez como o adotado na avicultura, onde todos ganhem mais.”

FONTE: UNIVERSO AGRO