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IATF rende R$ 2,6 bilhões no Brasil

Do Blog PecNética

Esse nosso mundão pecuário é mesmo incrível. Apesar das intempéries que assolam o setor, quando menos se espera, coisas maravilhosas acontecem. Até os anos 2000, só se falava em inseminação artificial (IA) embora muitos pecuaristas ainda estivessem desgostosos com o fracasso da primeira tentativa do cruzamento industrial, feito sem orientação técnica.

À época, a parcela de fêmeas inseminadas mal conseguia sair de uma média histórica de 7%, quando chegava. Hoje, o cruzamento bomba e todo mundo só fala na inseminação artificial em tempo fixo, a famosa IATF. Não à toa, a técnica tornou-se o próprio sinônimo de IA, elevando robustamente sua participação de 1% para os atuais 85%. Os 15% dos criadores restantes preferem arriscar o cio da vaca, fazendo-se valer da habilidade do inseminador.

Entretanto, neste quesito, pouco mudou, pois igual há 20 anos, falta mão de obra qualificada, mesmo na IATF, onde se dispensa a observação de cio. E ainda insisto na hipótese de que ela ressuscitou o cruzamento industrial no Brasil (e não o contrário). A tecnologia tornou-se tão próspera que, em 2016, mesmo com a comercialização de sêmen caindo 7%, o mercado de IATF, pasmem, subiu 5%. E pode acreditar nessas informações, quem as levantou foi ninguém menos que o competentíssimo professor Pietro Baruselli, da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo.

Ele é uma autoridade em reprodução e inseminação artificial. Aliás, recomendo a leitura de uma pesquisa dele sobre sincronização do cio das vacas com um ou dois repasses feitos com IATF, ao invés de touro. Os resultados são bem curiosos e podem fazer repensarmos alguns conceitos. O relatório elaborado por Baruselli traz ainda outros números interessantes, como a comercialização de 11.037.119 protocolos, em 2016.

Para o cálculo do volume, considerou-se a quantidade de dispositivos de progesterona utilizados e reutilizados, ignorando-se os protocolos de transferência de embriões em tempo fixo (a TETF, outro recente choque de realidade na pecuária comercial). De 2001 a 2016, a IA regrediu sua participação de 7 milhões de doses  para algo próximo de 1,4 milhão de doses, enquanto no mesmo período a IATF cresceu de 140 mil doses para 11 milhões, uma relação quase inversamente proporcional.

Quanto ao número de vacas inseminadas em idade de reprodução, este cresceu de uma faixa entre 5% e 6% para uma parcela de 10% a 12%. A virada da IATF aconteceu em 2011, quando a mesma já respondia por 55% das palhetas vendidas no País. Com base em dados de 2015, mas ainda válido para 2016, 80% dos protocolos foram feitos em fêmeas de corte e 20% nas de aptidão leiteira.

Calcula-se que a IATF tenha movimentado R$ 567 milhões. Todavia, o emprego da tecnologia proporcionou ganhos robustos de R$ 2,6 bilhões na pecuária nacional, dado que leva em conta os ganhos gerados no aumento da produção de bezerro e do incremento dos pesos na desmama e abate, no gado de corte, e diminuição da idade entre os partos  e ganho de 300kg/ano na produção devido ao fator genético contido na forma de sêmen.

Veja mais alguns números que o PecNética levantou para o estimado leitor:

Insumos representam 70% da movimentação: R$ 178,5 milhões investidos na aquisição dos protocolos hormonais e mais R$ 210 milhões na compra de sêmen bovino.

Serviços veterinários representam os 30% restantes: R$ 178,5 milhões para o pagamento de3.500 veterinários e/ou contratação de 3.000 protocolos conduzidos via consultoria veterinária.

Além do avanço da tecnologia, já contamos também com um rico banco de dados para trabalhar. No GERAR (Grupo Especializado em Reprodução Aplicada ao Rebanho), que completou dez anos de existência, o acervo reúne informações de três milhões de protocolos, com taxas de prenhez entre 48,2% e 52%, além de casos excepcionais de 70% na primeira IATF.

De domínio público no portal www.grupogerar.agr.br pode servir para comparação de resultados na inseminação (Benchmark). Compõem o levantamento 1.236 propriedades do  Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul, no caso, gado de corte.