A ministra Tereza Cristina (Agricultura, Pecuária e Abastecimento) destacou que o Mapa está trabalhando para estimular a organização das mulheres no campo, ao participar nesta segunda-feira (26) do 5º Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio. Tereza Cristina defendeu o cooperativismo como uma das formas de organização das produtoras rurais para terem acesso a tecnologia, mais crédito e recursos produtivos, desafios enfrentados por elas no campo. Além disso, os setores organizados conseguem se recuperar de forma mais rápida diante de uma crise, como ocorre durante a pandemia do coronavírus. As cooperativas, por exemplo, receberam R$ 60 milhões como crédito extra para capital de giro na pandemia.
Tereza Cristina participou da mesa que abriu o Congresso promovido pelo Transamérica ExpoCenter, com o apoio da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag). A ministra dividiu a mesa com Maria do Céu Antunes, ministra da Agricultura de Portugal, e com a uruguaia Graciela Fernandez, líder da Aliança das Cooperativas Internacionais na América (ACI-Américas). Dois temas tomaram a maior parte das discussões do painel: o acordo Mercosul-União Europeia e o espaço e desafios da presença das mulheres no movimento cooperativista global. Sobre o acordo dos dois blocos, que o Parlamento Europeu vem pedindo mudanças na agenda ambiental de países do Mercosul para que ele seja ratificado, a ministra de Portugal disse que seu país vem defendendo desde o primeiro momento que ele é do interesse de todos. “Todos sabemos que é preciso produzir mais com menos, imbuídos de um espírito global”, afirmou. As duas ministras, Maria do Céu e Tereza Cristina, salientaram que é preciso comunicar melhor sobre o acordo.“Vamos discutir. Saber o que tem de bom e o que não for bom a gente melhora. E isso no mundo todo”, disse Tereza Cristina. A ministra portuguesa propôs a criação, entre os dois países, de um fórum permanente de troca de informações e de experiências, incluindo modelos cooperativos e iniciativas que mostrem mulheres à frente de projetos.
Para Graciela Fernandez, líder da ACI-Américas, a inserção de diálogos e intercâmbio, além de políticas públicas que entendam o papel do setor privado, estão na base de mudanças consistentes. “O Brasil tem muitos bons exemplos de cooperativas”, disse ela. “Produzir é duro, não é fácil”. Graciela também mostrou como as mulheres vêm se organizando e como os negócios tocados por elas têm mudado as comunidades no continente
A ministra ainda tratou do setor de hortifrútis, que enfrentou dificuldades no início da pandemia, em razão do fechamento das feiras livres, mas conseguiu se recuperar por ter se organizado. Ela contou que recebeu sugestões, inclusive, de cooperativas lideradas por mulheres de como deveria ser a retomada das vendas de frutas e hortaliças. “Onde nós temos a organização, uma cooperativa com mais experiência, fica mais fácil ainda [a recuperação]. Qualquer tipo de organização é mais benéfico, e as coisas acontecem mais rapidamente e os prejuízos são menores”, disse a ministra no encontro virtual. No Brasil, 19% dos estabelecimentos rurais são dirigidos por mulheres, totalizando quase 1 milhão que trabalham como produtoras, segundo Censo Agropecuário 2017, do IBGE. A maioria está na Região Nordeste (57%), seguidas pelo Sudeste (14%), Norte (12%), Sul (11%) e Centro-Oeste (6%).
De acordo com Tereza Cristina, o cooperativismo é uma das linhas de ação do AgroNordeste, programa voltado para pequenos e médios produtores da região que já comercializam parte da produção, mas ainda encontram dificuldades para expandir o negócio. A ministra informou que o Mapa está estimulando que grandes cooperativas localizadas no Sul, Sudeste e Centro-Oeste façam parcerias com entidades do Nordeste para troca de experiências. A ministra da Agricultura de Portugal, Maria do Céu Antunes, destacou também a importância das organizações dirigidas por mulheres e relatou casos de sucesso nas produções de vinho e pera em seu país.
A líder da Aliança das Cooperativas Internacionais na América, Graciela Fernandez, do Uruguai, destacou a forte presença brasileira no cooperativismo e como esse tipo de organização ajuda no enfrentamento das questões de gênero no campo. As participantes citaram a criação de redes para compartilhamento de bons exemplos e iniciativas, além da troca de experiências entre países. Segundo a ministra Tereza Cristina, o Brasil irá organizar a ida de produtores de queijos a Portugal para aprender técnicas de produção no país.
Rastreabilidade
No evento, a ministra ressaltou a necessidade dos produtores rurais se adequarem às exigências do mercado consumidor globalizado, como a implantação da rastreabilidade dos produtos. Segundo Tereza Cristina, o Mapa disponibiliza protocolos com orientações para os produtores rurais. “Se não houver crescimento na cadeia de valor, [o produtor] vai ficando para trás. Não tem como fugir disso”, afirmou Tereza Cristina.
O congresso nacional das mulheres segue até a quinta-feira (29/10), com mesas sobre pesquisa, visão e gestão de negócios, comércio internacional, tecnologias e inovação. Em todos os dias, mulheres de todo o País também participam do projeto “Minha Voz no Agro”, espaço no qual elas contam as suas experiências.